sábado, 20 de novembro de 2010

Todo poder ao povo


Os Panteras Negras eram integrantes de um polêmico grupo revolucionário americano, surgido na década de 1960 para lutar pelos direitos da população negra. O ponto mais controverso da doutrina do grupo era a defesa da resistência armada contra a opressão dos negros. Fundado em outubro de 1966, o grupo nasceu prometendo patrulhar os guetos (bairros negros) para proteger seus moradores contra a violência policial. O movimento se espalhou pelos Estados Unidos e atingiu seu período de maior popularidade no final da década de 1960, quando chegou a ter 2 mil membros e escritórios nas principais cidades do país. Mas logo os conflitos com a polícia levaram a tiroteios em Nova York e Chicago, e entre 1966 e 1970 pelo menos 15 policiais e 34 "panteras" morreram em conflitos urbanos. Esses escândalos, associados à dura perseguição do FBI (em 1968, o diretor do orgão classificou os Panteras Negras como "a maior ameaça à segurança interna americana"), fizeram o movimento perder militantes e cair em descrédito. A saída foi renunciar às ações violentas e dedicar-se a serviços de assistência social nas comunidades negras pobres. Mas a organização continuou perdendo importância dentro do movimento negro e acabou dissolvida oficialmente no início dos anos 80.

Abaixo, o documentário Todo Poder ao Povo, Partido Panteras Negras e um Pouco Mais.
Partes (Via YouTube): Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Pare 5 e Parte 6

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

11th September - 09/11/2001 (11'09''01)



(Reino Unido, 11 min, Ken Loach)
Um paralelo entre o ataque das torres e o Golpe Militar no Chile, numa visão humana e poética.

Uma Fase Histórica Especial do Capitalismo


O imperialismo é uma fase histórica especial do capitalismo. Mas que transformações econômicas foram essas que marcaram essa nova fase histórica? Desde um ponto de vista econômico, o imperialismo (ou a época do capital financeiro) é o grau superior do desenvolvimento do capitalismo, precisamente o grau em que a produção é tão grande e gigantesca que a livre concorrência foi substituída pelo monopólio, isto é, a essência econômica do imperialismo.
As expressões atuais dos monopólios são as grandes empresas multinacionais, empresas gigantescas, que foram muito além das fronteiras nacionais, organizando sua produção de fato em uma escala global, monopolizando ramos inteiros da produção. Isso só confirma a tendência descrita por Lenin.
Outro aspecto resgatado por Lenin foi o domínio do capital financeiro, a partir da fusão do capital bancário com o industrial, sobre o modo de produção capitalista. Até os piores adversários de Lenin confirmam o domínio do capital financeiro no mundo atual.
A exportação de capitais, que, segundo Lenin, caracterizava o imperialismo, se agigantou, tanto na forma de capital-dinheiro, vide o crescimento da dívida externa em todo mundo, como na forma de empresas, com a produção mundial.
Além disso, outras formas de exploração entre os países foram desenvolvidas como a Propriedade Intelectual, que passou a ter uma grande importância com o desenvolvimento de novos ramos como a informática e a chamada exportação nos setores de serviços.

Uma época de guerras e revoluções

A existência dos monopólios gerou uma nova situação no capitalismo: “Em seu conjunto, o capitalismo cresce com maior rapidez (...), mas esse crescimento não é somente cada vez mais desigual, senão que essa desigualdade se manifesta de um modo particular na decomposição dos países onde o capital ocupa posições firmes”, afirma Lenin.
O imperialismo tende a aumentar as desigualdades entre os países ricos e pobres, que em 1780 era de três a um. Hoje é de setenta a um.
O outro lado da desigualdade é a decomposição e o parasitismo. Sua maior expressão são os Estados Unidos. Com uma dívida nacional de U$ 7 trilhões, que cresce à razão de U$ 1,83 bilhão ao dia, esse país funciona como um parasita, absorvendo, na forma de repatriação dos lucros, pagamento das dívidas externas etc., as riquezas geradas pelos trabalhadores no resto do mundo ou roubando diretamente pela força, como é o caso do Iraque.
Mas a questão central do conceito de imperialismo é a conclusão política que Lenin tirou desse processo das transformações econômicas: o controle do mundo por um punhado de potências tem como conseqüência o aumento das desigualdades mundiais e uma nova época de enfrentamentos e guerras, que expressa a decadência do sistema.
É impossível que as nações semicoloniais possam chegar a avançar em seu desenvolvimento e superar as travas impostas pelo capital financeiro pela via do desenvolvimento capitalista.
A desigualdade é a forma com a qual o sistema funciona e se reproduz. Por isso, o imperialismo é a ante-sala da revolução social do proletariado. E isso foi confirmado em 1917.

domingo, 5 de setembro de 2010

Do Horror à Memória (2006)


(Brasil, 2006, 23 min - Direção: Alexandre Xavier, Diogo Ruic, Laio Manzano e Marilia Chaves)

A ditadura argentina causou a morte de 30 mil pessoas, uma das mais sangrentas da América Latina. A Escola da Marinha (ESMA), um dos principais centros de detenção clandestina do país daquele período, aprisionou, torturou e assassinou 5 mil pessoas. Não é pouco.
Por tudo isso, em 2004, o então presidente Nestor Kirchner, tomou uma das decisões mais simbólicas em relação a este assunto: transformar a ESMA em um museu para a memória. Pode parecer pequeno, mas a decisão trouxe, ainda mais forte, a lembrança na sociedade argentina de que aqueles prédios – em uma movimentada avenida de Buenos Aires - não são simples construções de jardim bem cuidado.
O ato respondeu a uma reivindicação de associações de direitos humanos, movimento com invejável influência na opinião pública hermana. Mesmo ainda não tendo saído do papel de fato, a instalação de um museu por lá agora é um caminho sem volta – é mesmo uma questão de tempo. E tão simbólica é a ESMA que, mesmo sem museu, serviu de palco para Cristina Kirchner reclamar, no último dia 25 de março, por velocidade da justiça no julgamento dos opressores da época – ato que se por um lado é espetáculo, por outro se faz também necessário.
Melhor Vídeo-Documentário acadêmico do Brasil pela 12ª Expocom (2005); Melhor documentário acadêmico da América do Sul pela Expocom – SUR (2006); Melhor Documentário pelo XIV Festival Cine Vídeo de Gramado (2006); Melhor Vídeo Eleito pelo Júri - XIV Festival Cine Vídeo de Gramado (2006); Selecionado para a Mostra Paulista do Audiovisual (2006).

Assista via YouTube: Parte 1; Parte 2; Parte 3; Parte 4
Download: Aqui
Agradecimentos pelos links à Liz Hollanda.

domingo, 29 de agosto de 2010

Atividades da Campanha "Não Vote, Lute!" - DF


Segue uma calendário de atividades (semana do dia 30 ao dia 4):

Segunda
CEAN - palestra-debate: controle da mídia sobre o voto (confirmar horário);

Terça
Manifestação de trabalhadores pela manhã***
CEAN - Palestra-debate: "Não vote, lute!" (Confirmar horário);

Quarta
12h00min, Rodovioária - Panfletagem da campanha "Não vote, lute!"
CEAN - Palestra-debate: "Elitização da universidade" (Confirmar horário)
14h30min - Reunião da Oposição ao Grêmio do CEM 01 Sobradinho;

Quinta
CEAN - Vídeo-debate: "A Revolta dos Pinguins" (Confirmar horário);

Sábado
13h30min, Auditório do Sindágua (Conic) - Plenária de movimentos de Oposição Sindical, Popular Estudantil - DF

***Caso alguém queira mais informações para participar da manisfestação, procure algum membro da Oposição CCI.

sábado, 28 de agosto de 2010

The Corporation (2003)


(Canadá, 2003, 145 min - Direção Mark Achbac)

Esclarecedor e elegante, The Corporation é um dos documentários de maior sucesso no mundo. Baixado no site oficial mais de 500 mil vezes, sem falar nos milhares e milhares baixados via torrent.
O documentário mostra que quem controla o mundo hoje não são os governos, mas sim as corporações, através de instrumentos como a mídia, as instituições e os políticos, facilmente comprados. Mostra até que ponto pode chegar uma instituição para obter grandes lucros, destacando seus pontos psicológicos como a ganância, a falta de ética, a mentira e a frieza, dentre outros.

Comentários de figuras notórias como Noam Chomsky, Michael Moore e Vandana Shiva.

Trailer
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Consuming Kids


(EUA, 2008, 66 min. Direção: Adriana Barbaro, Jeremy Earp)
Indispensável para quem tem crianças!

"Consuming Kids, a Comercialização da Infância", trata de como as grandes corporações utilizam-se da infância para gerar lucros gigantescos, vendendo todo o tipo de produtos, muitas vezes, de forma desonesta, desumana e pouco ética, tornando-as vulneráveis na idade mais delicada de suas vidas.
Cada vez mais os brinquedos representam personagens de TV, reduzindo o poder de imaginação, deixando as crianças menos criativas. Cada vez mais substitui-se a brincadeira de rua pela tela de TV ou computador. Com isso as crianças estão tornando-se mais obesas e menos atentas. O número de casos de disfunção bipolar infantil é 4 vezes maior que há 30 anos atrás, sem falar em outras doenças crescendo assustadoramente nessa faixa etária como diabetes, depressão, hipertensão.
Os comerciais de Fast-food, brinquedos, roupas, até mesmo automóveis para os pais são feitos utilizando-se de profissionais como psicólogos e antropólogos, desviando o ciência para uma única direção: o lucro.

"Estamos criando uma geração de superconsumidores."

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sábado, 31 de julho de 2010

Terráqueos - Earthlings (2005)



(EUA, 2005, 95min. Direção: Shaun Monson) (Legenda Português do Brasil)


Vale a pena postar um documentário que exija dos humanos o respeito pelos outros animais, quando nem mesmo respeitamos a própria humanidade?
Mas assim como esperamos a evolução na mentalidade humana no respeito aos seus semelhantes, esperamos que ela atinja um grau tal de evolução, que passe a respeitar também todas as espécies dotadas de sentidos desse planeta.

“Se todos os criadouros do mundo fossem de paredes de vidro, seríamos todos vegetarianos.”

Earthlings mostra a realidade cruel a que são submetidos os animais que nos alimentam, nos vestem e nos divertem. E compara nosso descaso com os animais com o nazismo, o sexismo e o racismo... "especismo" é o termo utilizado para isso. Quando compramos carne, estamos pactuando com esse sistema perverso. Não espere um documentário singelo, como “A carne é fraca”.

Trailer
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sexta-feira, 30 de julho de 2010

The Story of Stuff – A história das coisas (2007)



(EUA, 2007,20 min. Direção Louis Fox) (Legenda Português do Brasil)

Você sabia que das 100 maiores economias do planeta, 51% são corporações e apenas 49% são países? Story of Stuff é um documentário apresentado diretamente no site The Story of Stuff convertido em vários formatos, e também inserido no Youtube. Annie Leonard apresenta didaticamente e sinteticamente - através de ilustrações simpáticas - o processo da extração, fabricação, distribuição, consumo e despejo das coisas vistos de uma forma clássica e aqui vistos de uma maneira diferente. E os instrumentos políticos e midiáticos envolvidos nisso, bem como as corporações.
Mostra a visão da sociedade de consumo, influenciada pela mídia, que leva valores de consumo como sendo o primordial.
Foi baixado mais de 4 milhões de vezes somente no site, sem levar em conta os outros meios, como Youtube e Torrent.

The Story of Stuff
Poderá assistir no YouTube: Aqui

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Carne é Fraca


(Brasil, 54min, Produzido por Inst. Nina Rosa)

“A Carne é Fraca”, melhor documentário já realizado no Brasil sobre o consumo da carne e suas conseqüências, é essencial para aqueles que buscam informações e uma arma para nós, defensores dos animais."


O Instituto Nina Rosa - Projetos por Amor à Vida - lançou no dia 12 de novembro, durante o 36º Congresso Vegetariano Mundial - que aconteceu entre os dias 8 e 14 deste mês, no Costão do Santinho, em Florianópolis (SC) - o documentário “A Carne é Fraca".

Feito em quatro idiomas - português, francês, inglês e espanhol - o vídeo, que será distribuído para 400 organizações em todo o mundo, conta toda a "trajetória de um bife", desde o nascimento de bezerros e frangos até o abatedouro. “Muitas pessoas contribuem com a indústria da crueldade, que implica em danos sérios à saúde humana e ao meio ambiente, sem ter conhecimento disso. Nossa intenção é informar para que o cidadão possa fazer escolhas conscientes", explica Nina Jacob, presidente do Instituto.
Ao longo de 54 minutos, sob a direção de Denise Gonçalves, o documentário mostra aspectos da indústria da carne de aves e gado que normalmente não são divulgados. Além disso, também conta com depoimentos de técnicos ambientais, médicos, pediatras, de jornalistas como Washington Novaes, Dagomir Marquezi e Flávia Lippi; da socióloga Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira e da veterinária Rita de Cássia Garcia.
Um dos destaques do trabalho é o impacto ambiental. Segundo este documentário, a região amazônica tem sido seriamente prejudicada pela pecuária, que ocupa uma extensão de terra, cada vez maior acarretando desmatamento e poluição de recursos hídricos.
Foram oito meses de pesquisa e filmagens em abatedouros considerados "modelos" nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Quem assistir ao vídeo verá que os animais são criados em pequenos espaços para que não gastem energia e, assim, apressar a engorda do boi, antecipando o abate. E também vai conhecer o processo de produção do “baby beef", em que os bezerros são separados das mães logo ao nascer.
Na análise de Nina Jacob, este trabalho será um divisor de águas para o consumidor brasileiro. "As pessoas ainda acreditam que o gado, por exemplo, é criado livre nos pastos, sem causar danos ambientais. Este trabalho é um direito do consumidor", finaliza.
Downloads:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Para juntar as partes, use o WinRAR

A Enseada - The Cove (2009)


(EUA, 2009, 92 min. - Direção: Louie Psihoyos) (Legenda Português do Brasil)
Documentário imperdível premiado no Festival de Sundance.
Rick O' Barry, um dos maiores ativistas defensores de golfinhos do mundo se arrepende de uma coisa: de ser um dos responsáveis pelo sucesso da série Flipper dos anos 60. A série foi responsável por uma caçada infindável a esses mamíferos que movimentam bilhões de dólares na indústria do entretenimento.
Logo após a morte de uma das fêmeas que fazia Flipper, O'Barry, cativado pela inteligência e carinho dos golfinhos, abandona o treinamento e tenta corrigir o erro que cometeu lutando pela liberdade deles.
Preso inúmeras vezes em 35 anos de luta, agora ele e outros ativistas vão para Taiji uma cidadezinha do Japão, que é a maior fornecedora de golfinhos para parques de shows aquáticos do mundo.
Se você está acostumado com a cultura e civilidade do povo japonês, vai ficar horrorizado em ver essa triste exceção. Mas para piorar, o que acontece no Japão está ligado a vários países do mundo.

O documentário é uma excelente oportunidade de se conhecer a natureza dos golfinhos, da caça baleeira e de todo negócio sujo envolvendo o massacre desses animais. É também uma excelente oportunidade de aprendermos como ter êxito na rebeldia e desobediência!
Você pensará duas vezes antes de comprar um ingresso para um show da Sea World...

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Poema ao garoto homossexual de 14 anos, estrangulado



Este poema foi escrito em homenagem ao garoto homossexual estrangulado por homofóbicos...


SE TIVESSE DADO TEMPO... (Luciano Lira)

Se tivesse dado tempo eu iria a algumas festas, em outras não seria convidado, mas iria mesmo assim, sabe como é, coisas de um menino de 14 anos.

Se tivesse dado tempo eu iria ao shopping no ano que vem e compraria um presente pro meu namorado que eu nem sei quem poderia ter sido.

Se tivesse dado tempo, poxa, eu achava que ia dar, eu sentaria no ponto do ônibus pra esperar nada nem ninguém, apenas pra ver a vida correndo e me invejando sem pressa alguma.

Se eu soubesse que não daria tempo, eu comeria mais brigadeiros, mais balas 7 bello, teria lambido mais bacias de bolo que minha mãe certamente faria, eu furaria todas as latas de leite moça do mundo! Eu teria experimentado os doces lacrados do mercado.

Se passasse pela minha cabeça de menino bobo que a vida pode ser interrompida e que matam gente como se mata bicho, eu teria feito as pazes com o amigo que briguei dias antes, teria dito a minha mãe o quanto a amava, dez vezes por dia e a abraçaria já com pena do que ela teria que suportar. Do peso que é a ausência de quem se pariu pra amar.

Se tivesse dado tempo, eu picharia o muro do meu colégio lembrando a todos de se amarem mais, de se beijarem mais, de não deixar passar em branco qualquer sentimento bom que se tenha, porque a vida pode sim se transformar em morte em dez segundos.

Se tivesse dado tempo eu explicaria na sala de aula à professora de Biologia, o motivo de eu ter rasgado o capítulo do livro em que dizia que o homem nasce, cresce, se reproduz e morre.

Se tivesse dado tempo eu teria pedido a minha mãe pra ver Alice no País das Maravilhas em 3d, comendo pipoca, ia pedir por favor pra ela não brigar por eu querer o combo maior, ah mamãe, seria o último...
Aí, na confusão de gente que entra e sai da tela, eu ia fugir e escapar com o Chapeleiro Maluco da covardia do mundo que não precisa de óculos especiais, mas sim lenços pra enxugar lágrimas.

Se eu imaginasse que aos 14 anos minha mãe deixaria de me dar a mesada pra comprar meu caixão eu juro que teria ido pela outra rua, eu juro que viraria pássaro e chegaria em casa voando, observando os covardes do carro branco, os assassinos de crianças perdidos feito bobos procurando o menino biônico que acabara de cruzar os céus feito uma estrela iluminada.

Se me dessem tempo de argumentar, eu teria apenas dito a eles pra que cuidassem então da minha mãe, eu só pensei nela a cada segundo triste.

Se tivessem me dado escolha, eu escolheria viver é claro. Então não acreditem mais quando dizem que a vida é feita de escolhas. Nem sempre é assim.

Se tivesse dado tempo eu teria passado a senha do orkut, do twitter e pediria ao meu melhor amigo pra escrever luto e mandar em mensagem automática o que realmente aconteceu, um retrato falado em 140 caracteres. E o mais importante em apenas nove, EU TE AMO.

Se por acaso eu tivesse tido tempo de chamar minha mãe, eu teria dito a ela que estava doendo, que ela me abraçasse e passasse o Merthiolate que não arde.

Se por acaso tivesse dado tempo, eu teria me declarado a ele, teria dito que o amava muito, mas tinha vergonha de dizer com medo que ele somente achasse graça e virasse de costas.

Se por acaso tivesse dado tempo, naquela fração de segundos onde a vida dá lugar a morte, eu teria beijado a face de quem minha face deixou irreconhecível.

Se tivesse dado tempo e por Deus, tinha que ter dado, eu me formaria Juiz. Porque quem me matou certamente matará novamente, porque quem mata criança tem a alma doente e sem sombra de dúvidas estaria um dia sentado na minha frente ouvindo a sua condenação.

Se tivesse dado tempo eu teria gritado por socorro, pro Ben 10, pro Naruto, Pro Super Homem ou pro Zorro, porque em nenhum momento eu acreditei que não fosse uma obra de ficção.

Até o derradeiro momento em que não tinha mais ar, não tinha mais forças e não sentia mais meu pequeno coração.

Alexandre Ivo Rajão, 14 anos, foi assassinado na segunda-feira, 23/06/2010, em São Gonçalo-RJ.

terça-feira, 29 de junho de 2010

As eleições e o caráter do estado



Nestes últimos anos a natureza tem sido particularmente pródiga em desmentir toda a demagogia do oportunismo à frente do gerenciamento PT-FMI. Montanhas de reais, gastos em propaganda mistificadora, vêm abaixo junto com as enchentes e avalanches de lama e lixo que destroem as casas e eletrodomésticos comprados no crediário das Casas Bahia, devidamente estimulado por Luiz Inácio.


As enchentes de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Sergipe, as epidemias de dengue, meningite, gripe e outras mazelas falam bem mais alto sobre o verdadeiro caráter da "democracia brasileira" do que os eletroeletrônicos comprados a perder de vista, mas com juros escorchantes, tão alardeados pelo oportunismo como expressão maior desta democracia de fancaria.

Também saltam aos olhos e às consciências os estratosféricos lucros obtidos pelos bancos e o fato de uma pessoa como Eike Batista, da noite para o dia, se tornar um dos cinco homens mais ricos do mundo, e mais, a facilidade e benevolência com que o BNDES favorece à formação de monopólios, incentivando fusões, inclusive ao arrepio da própria lei feita por este Estado.

Aí, sim, está à vista o verdadeiro caráter da "democracia brasileira": tudo para os ricos e esmolas para os pobres.

Ao ingressarmos em mais um período de campanha eleitoral é conveniente desmascarar os mal intencionados e alertar os ingênuos sobre o significado das eleições burguesas, principalmente nos países semicoloniais onde vigora um capitalismo de tipo burocrático no qual o poder, ou seja, o Estado, é instrumento de dominação da grande burguesia e do latifúndio, de velho e novo tipo, a serviço do imperialismo.

Eleição não muda nada
Há mais de cem anos que se vota no Brasil. Após a proclamação da República, que não alterou a dominação de classes do império, as eleições têm servido, no máximo, para estabelecer novas correlações de força entre as várias frações das classes dominantes, ora dando maior parcela de poder ao latifúndio e à burguesia compradora, como na chamada república velha, ora dando mais poder à burguesia burocrática, como nos gerenciamentos de Getúlio, de Juscelino e Jango. Na história da república brasileira, o caráter do Estado, independente de qual corrente política o gerencia, permanece inalterado: democracia para as classes dominantes e ditadura para as amplas massas de operários, camponeses, semiproletários e demais classes (pequena e média burguesias) exploradas da sociedade. Esta imutabilidade do caráter do Estado atravessa, inclusive, os períodos de ditadura aberta (fascista) como o "Estado Novo" e o regime militar instaurado através do golpe cívico-militar de 1964, ou ditadura disfarçada, pela realização de eleições, como os recentes gerenciamentos Collor-Itamar, Cardoso e Luiz Inácio.

Manter a opressão e a exploração
Advertindo sobre o verdadeiro caráter das eleições burguesas, Marx alertava os partidos socialistas de seu tempo de que sob a dominação de classe da burguesia as eleições só serviam para, de tempos em tempos, escolher quem iria oprimir o povo no parlamento.

O apodrecido processo eleitoral brasileiro mantém a atualidade da afirmação de Marx. A cada eleição, independente da corrente política ou da fração das classes dominantes que assuma o sistema de governo, o poder do latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo sai mais fortalecido, em detrimento das reais necessidades da imensa maioria do nosso povo. Este continuará morando mal, comendo mal, sem saúde e educação adequadas, sem terra para plantar, sem emprego ou com salário de fome, submetido à opressão policial e ao processo de achatamento cultural promovido, especialmente, pelo monopólio dos meios de comunicação.

Só a Revolução pode mudar
A experiência histórica do proletariado mostra-nos que em lugar nenhum do mundo se conseguiu transformar as estruturas de poder sem que o proletariado, como classe, dirigido por um partido revolucionário, ousasse assaltar os céus. Foi assim na Comuna de Paris, na Revolução Russa e na Revolução Chinesa.

Também os processos de revoluções de libertação nacional desenvolvidos na América Latina, na África e na Ásia são comprovações de que as transformações de profundidade só foram conquistadas quando os povos lançaram mão da violência revolucionária para liquidar a dominação de seus opressores e exploradores.

Situação e "oposição" do oportunismo
Desde seu primeiro número em 2002, AND cunhou a expressão "eleição num sistema de partido único", para demonstrar que a mera participação no corrupto e apodrecido processo eleitoral brasileiro já é definidora da posição ideológica das organizações ditas partidárias que se registram no Superior Tribunal Eleitoral com estatutos que se diferenciam no secundário e se unificam no principal: a aceitação deste status quo de dominação do sistema burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo. Tanto é assim que sua prática ao assumir o gerenciamento, quer no nível municipal, estadual ou federal, no essencial, não se diferenciam quanto ao tratamento dispensado às classes dominantes e às classes dominadas. Compare-se a administração de PSDB, DEM, PMDB, PT-Pecedobê, PDT, PSB, PPS, PP e PV e encontrar-se-á como elementos comuns: o servilismo ao sistema financeiro internacional, via FMI-Banco Mundial, aos bancos "nacionais", aos monopólios nacionais e transnacionais, ao latifúndio de velho e novo tipo, tudo isso desenvolvido em paralelo a um permanente processo de corrupção para formação de caixa de campanha eleitoral e de fortunas pessoais.

Agremiações outras como PSOL, PSTU, PCO e PCB, que no máximo ocupam postos no legislativo, fazem uso de um discurso de denúncia de desvios administrativos e de cobrança de promessas não cumpridas sem, entretanto, usar o parlamento para questionar as raízes do sistema de exploração de classes. Fazem uma apologia do socialismo para "inglês ver" e apresentam programas liberais para suas candidaturas aos cargos executivos. Estes "socialistas de boca" fogem da revolução e ao referendarem o espúrio processo eleitoral igualam-se aos "partidos" integrando-se ao partido único como uma de suas frações.

Boicotar a farsa eleitoral
Há várias eleições que uma parcela significativa do eleitorado (mais de 30% no período de FHC e 27% no de Luiz Inácio) tem votado em branco, nulo ou simplesmente não comparece às urnas. Neste sentido esta parcela do povo está mais avançada que certas organizações ditas de esquerda que seguem legitimando o processo eleitoral burguês e integrado ao sistema reacionário.

Cada vez mais cresce o protesto popular, principalmente, no campo e nos bairros periféricos onde é voz comum o xingamento aos políticos de todas as correntes e a afirmação de que não se votará em nenhum deles.

Cabe, portanto, àqueles que aprofundaram a consciência sobre o significado das eleições nas semicolônias como o Brasil, organizar e coletivizar esta luta, que vem sendo desenvolvida pelas pessoas individualmente, com a formação de comitês de luta pelo boicote à farsa eleitoral, desencadeando uma intensa campanha de agitação e propaganda em torno de "eleição não, revolução sim".

[Toronto] G20, mais de 900 presos.



Durante o final de semana a polícia canadense realizou o seu maior número de prisões em massa da história do Canadá, prendendo agressivamente mais de 900 pessoas em incidentes relacionados com o G20.
Policiais prenderam mais de 900 pessoas por conta do encontro nos últimos 20 dias. No sábado pela manha a policia disse que tinha prendido 32 pessoas, o que significa que de sábado para domingo foram presos outros mais de 800 pessoas.
A Associacao Canadense de Liberdades Civis denunciou as prisões em massa, dizendo que era ilegal e inconstitucionais porque a policia não tinha razoes para acreditar que todos os detidos tinham cometido crimes ou estavam por fazelo.
As prisões tem como finalidade evitar qualquer contestação mais significativa ao encontro, sendo a tática bastante clara: prendam todxs. As condições nos centros de prisão temporária são relatadas como bastante ruins, com falta de comida e varias outras sinistragens.
Em todo o mundo as coisas vão igual. A ditadura, disfarçada de democracia, mostra suas garras sempre que se sente de alguma forma realmente contestada, e aos que jogam o seu jogo de legalidade, sempre é uma surpresa ver que os que ditam as leis na realidade pouco se importam com elas, e seguem construindo seu plano de controle e massificação da estupidez com tranqüilidade e paz

quarta-feira, 23 de junho de 2010

MAIS CONHECIMENTO E MENOS IDEOLOGIA

Então, podemos afirmar que quanto mais o cidadão tem conhecimento, menos ele estará sujeito a ideologias milagrosas e em geral utópicas.
Para alguns isso parece estranho, mas na verdade é simples, quando começamos a entender que uma ideologia apenas alcança a massa quando esta está desprovida de conhecimento ou da falta de interesse em analisar que realmente uma ideologia promete a eles.

Todas as ideologias são como políticos em campanha, prometem, prometem e ao assumirem esquecem o que prometeram. Discursos baseados em promessas, são velhas armadilhas para cooptar incautos e desevisados. Vejam por exemplo, a ideologia concebida por Karl Marx. Ela se sobressaiu por um bom tempo em países expressivos como a Ex-URSS e China e outros que foram no rastro do grandes, a fim de obterem vantagens econômicas e manterem os ditadores no poder.

Com a queda do muro de Berlim, ouve um novo rearanjo de forças, sem a bipolaridade existente até então. As transformações foram ocorrendo e vemos que o capitalismo transformou por exemplo a China na locomotiva mundial do comércio e a Rússia buscando o seu espaço global através de um forte estratégia de comercio com todos os países do mundo, sobretudo os EUA e a Europa.

O que restou de um conjunto de idéias de karl Marx ? Sicenramente, nada! Isso mesmo, nada. As idéias de Marx foram concebidas no século 19, para se contrapor a industrialização e ao capitalismo selvagem. Lenin, Stalin e Mao, foram oportunistas na tomada de poder, impondo um regime inflingiu pesados traumas a sociedade como um todo. Entre outras coisas, podemos citar a fragilidade economica, genocídios, liberdade de expressão e pensamento.

O conhecimento histórico e a capacidade de discernimento, são peças fundamentais ao ser humano, para não cair em armadilhas ideológicas, que alienam e tornam sociedades e massa de manobra aos ambiciosos pelo poder absoluto, ditatorial e muitas vezes hereditáro.

O cidadão que conquista o conhecimento, experimenta a liberdade e esta acima de ideologias.

Há dois pontos importantes que concorrem para o desmantelamento de ideologias, que enclausuram o homem em um pensamento único:

1. Fatos históricos - É com os fatos que se pode analisar o desempenho de uma ideologia. Podemos exemplificar o Comunismo de Karl Marx, que a concebeu no século 19 e posto em prática no século 20, sobrevivendo durante uns 70 anos. As consequencias à sociedade, são bem conhecidas: Fracasso economico-financeiro e sobretudo genocídio.

2. A consquista do conhecimento - Quanto mais uma sociedade evolui em seu conhecimento, mais ela é dotada de discernimento e pensamento livre. Com as informações transitando no mundo em tempo real, o cidadão eleva ainda mais a sua percepção e se afasta gradualmente de armadilhas, muito parecidas com os engodos dos políticos mundo a fora.

O que é importante neste debate é melhorarmos a visão sobre este assunto, mas deixando que a lata do lixo da história faça o seu trabalho de decomposição natural.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Uma prévia do que nos espera em 2016

VIDEO DO ''CAMPO DE CONCENTRAÇAO'' NA ÁFRICA DO SUL...
A 30 km do novíssimo estádio de Green Point, o assentamento improvisado de Blikkiesdorp está separado da Cidade do Cabo pela enorme pista do também novíssimo aeroporto local. Parece feito sob medida para não ser visto pelos milhares de torcedores que rumarão direto do terminal de desembarque para as muitas atrações da cidade mais turística do país da Copa do Mundo.

Para seus 3.000 residentes, a Copa é uma maldição. Por causa do evento, dizem, foram removidos das áreas centrais da cidade e jogados no que chamam de "depósito de gente", ou "campo de concentração".

O local é cercado por grades. Os moradores vivem em barracos de zinco de 18 m2, em que o forro do teto é feito de plástico-bolha e o piso é um adesivo imitando lajotas. As paredes, de tão finas, podem ser cortadas por tesouras, e oferecem proteção mínima contra o frio e a chuva. No verão, o lugar queima.

Veja mais no vídeo seguir, gravado pelo repórter fotográfico Joel Silva, e leia a reportagem completa, do enviado especial à cidade do Cabo Fábio Zanini, na edição desta terça-feira da Folha.

Clique aqui para ver o vídeo

As remoções e despejos de favelas e ocupações urbanas no Rio de Janeiro já começaram, daqui a pouco virão os tais campos de concentração...

Contra as remoções e despejos, lutar por um plano de obras custeado pela taxação dos lucros dos empresários e banqueiros para garantir moradia de qualidade para os trabalhadores pobres e negros do Brasil!

domingo, 20 de junho de 2010

África do Sul? Vá e não me chame.



Você vê os estádios da África do Sul, a maioria deste tipo de arquitetura modernosa que a China consagrou nas Olimpíadas, e pensa, como o presidente Lula quando visitou Windhoek, na Namíbia: "Tão legal que nem parece a África".

Não parece e nem é.

Primeiro - é um país recordista na epidemia de AIDS: 20% da população adulta do país está contaminada pelo vírus da imunodeficiência adquirida. Das prostitutas e prostitutos sulafricanos, 47% (quase a metade) estão infectados. E a situação não muda porque as tribos que se revezam no poder desde o fim do racismo institucionalizado (apartheid) em 1990, não têm quadros na área de Saúde para encaminhar a solução do problema.
Para se ter uma idéia, a ex-ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, há pouco mais de três anos ainda entrava em rede nacional de TV e rádio para recomendar o uso de BETERRABA E ALHO para "curar" AIDS.
Quando ela saiu do Ministério da Saúde, em 2007, colocaram uma especialista em saúde pública que no mesmo ano foi logo demitida porque viajou para uma Congresso de Combate à AIDS na Europa. É por aí que a carruagem anda na África do Sul...

Segundo - os grupos tribais que se impuseram no poder não deixam o país avançar e o governo negro tem que pagar salários altíssimos para manter os brancos (mão-de-obra altamente especializada) nos postos de trabalho para que o país não entre em colapso, pois logo depois da posse de Nelson Mandela, houve uma debandada de brancos em direção à Europa e os brancos eram, justamente, os médicos, engenheiros, professores, arquitetos, enfim, aquilo mesmo.

Terceiro - O problema de trabalho na África do Sul é catastrófico: 40% da mão-de-obra do país está desempregada e o resultado disso é uma violência epidêmica.

Quarto - Turismo na África do Sul é pior que no Brasil. Para se sair à noite, só em comboios com guardas armados. Ninguém se aventura alguns passos longe dos hotéis.

Resumo da ópera: o apartheid acabou, mas 20 anos depois do fim da supremacia branca, até agora, os 47 milhões de habitantes (40 milhões negros) não viram mudanças substanciais. A maioria negra continua afastada da propriedade das terras, por exemplo, que continua nas mãos, em 80%, dos brancos.

A miséria é tamanha, que nas grandes cidades a favelização aumentou estupidamente nos últimos 20 anos de supremacia negra.

Os políticos sulafricanos conseguem ser mais bizarros do que os brasileiros. Só estão interessados em seus projetos corporativos e a corrupção campeia.

Por fim, o presidente do país, Jacob Zuma, consegue transformar o nosso presidente Lula é estadista, filósofo e o que mais você desejar. Pois, pense bem: Zuma é polígamo (tem três esposas oficiais e outras não-oficiais) e sua vida pessoal é uma comédia tão bisonha quanto a vida de Berlusconi na Itália e um incentivo à avacalhação nacional.

Chega, não aguento mais. E a TV vendendo no mundo inteiro uma imagem de girafinhas comendo folhinhas no alto das árvores. Olhe, me deixe!

P.S.: quer entender a África do Sul? Veja o filme "Mandela" e o filme "Distrito 13" que você vai ter uma idéia mais ou menos sem precisar correr o risco de tomar um tiro em qualquer esquina da Cidade do Cabo ou de Johannesburg.

Perto de um ano de golpe, hondurenhos continuam em resistência e lutando por uma Assembléia Constituinte


Há meses os movimentos sociais e sindicatos de Honduras organizam uma consulta popular sobre a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e exigindo o retorno de cerca de 200 hondurenhos/as exilados/as, incluindo o presidente constitucional Manuel Zelaya. A Frente Nacional de Resistência Popular já alcançou quase meio milhão de assinaturas na consulta que deve continuar até 28 de junho, quando se completa um ano de ditadura em Honduras. Manuel Zelaya foi derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho do ano passado. O golpe de Estado se deu no dia em que aconteceria uma referendo sobre incluir ou não uma quarta urna nas eleições de Novembro daquele ano para os hondurenhos votarem se queriam ou não uma Assembléia Constituinte. Isso irritou a oligarquia hondurenha que, com o apoio de militares dos Estados Unidos, derrubou o presidente e instalou uma ditadura que dura até hoje. Este referendo de 2009 foi organizado por Zelaya porque os movimentos sociais apresentaram uma consulta semelhante a que estão fazendo agora com cerca de 600 mil assinaturas pedindo a Assembléia Constituinte. A Constituição hondurenha foi feita em 1982 durante um período de ditadura, sem consultar o povo, por isso a vontade popular de mudá-la.

Desde a posse de Pepe Lobo, em janeiro desse ano, eleito em uma votação que contou com menos de 40% da população numa eleição sob regime ditadorial, as violações aos direitos humanos aumentaram contra a população que resiste ao golpe de Estado. Mais de 700 denúncias de violações aos direitos humanos foram recebidas pelo Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (COFADEH), que supõe existirem muitas mais, já que a maioria das pessoas não denuncia com medo de represálias. A maior parte das violações são cometidas pelo próprio poder executivo. Em cerca de 6 meses, foram 12 assassinatos por razões políticas; 63 ameaças de morte; 58 detenções ilegais, além de sequestros, agressões sexuais, invasões de domicílio e outras formas de ataque à população.

Na região de Zacate Grande, o exército e a polícia invadiu casas e fechou a rádio comunitária La Voz de Zacate Grande procurando cinco dirigentes do Movimento de Recuperação e Titulação de Terras de Zacate Grande; nesse movimento as famílias se organizam para lutar por sua terra. Miguel Facussé, um dos latifundiários hondurenhos que articulou e apóia o golpe, diz que as terras da região pertencem a ele, apesar da população viver ali há mais de 100 anos. Na região de Bajo Aguán, o exército também interviu a favor de Miguel Facussé em conflito com camponeses da região.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

QUE OPOSIÇÃO?

Uma significativa parcela da sociedade brasileira não se sente representada por nenhum dos candidatos à sucessão presidencial. São pessoas que se posicionam contra o governo Lula , seja por convicção ideológica , seja por tudo que o atual governo praticou ou, principalmente, deixou de praticar nos quase oito anos de mandato. Esses cidadãos não encontram em José Serra, Marina Silva, e muito menos em Dilma Rousseff, propostas, projetos e compromissos que se identifiquem minimamente com o pensam e desejam para o País. Pelo menos, até o atual momento da campanha eleitoral.

Dos três principais candidatos, até agora, nada além de uma miscelânea de promessas vagas e propósitos indefinidos, que pouco convence de que teremos algo muito diferente do que o atual governo está a praticar. Se, por um lado, avaliações apressadas e superficiais , na maioria das vezes com propósitos eleitorais , atribuem excelente conceito ao governo Lula ,análises mais profundas e criteriosas ressaltam o que o Brasil perdeu ou deixou de fazer nos últimos anos. E não foi pouco.

Os cidadãos que não se sentem representados pelos partidos e candidatos que disputam o poder desejam, por exemplo, modificações estruturais que permitam a redução da carga e a racionalização da política tributária, investimentos maciços e prioritários em educação, saúde e segurança, combate sem trégua à corrupção e ao desperdício dos recursos públicos - especialmente nos altos escalões de Brasília -, reforma política, mudança na orientação da política externa - priorizando as relações com as nações democráticas - , e uma política social que elimine de vez o mero assistencialismo e ofereça reais oportunidades de educação e emprego a milhões de pessoas.

Querem também que o próximo governo conclua o que foi iniciado pelo governo anterior, qual seja, o prosseguimento da política de privatizações de estatais dispendiosas e que pouco beneficiam o cidadão comum. Em outras palavras, é preciso acabar com o tabu de que a Petrobrás , o Banco do Brasil e a Caixa Federal são instituições intocáveis.

O governo Lula, que teve o mérito de manter a estabilidade construída pelo governo anterior, propagou o mito do crescimento do PIB conseguido à custa da forte presença do Estado. Não é verdade: o atual estágio de crescimento foi muito mais fruto da conjunção do esforço da iniciativa privada com a situação mundial favorável às exportações brasileiras.

O mito do crescimento econômico como obra exclusiva do governo, que ganhou ares de verdade incontestável graças a atuação da máquina de propaganda governamental aliada ao inegável carisma pessoal do presidente, resultou no crescimento da popularidade do presidente . A popularidade de Lula atemorizou os seus adversários, que além de incapazes de fazer um discurso eleitoral autenticamente oposicionista, não conseguem convencer de que têm um projeto diferente do atual.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

5 ativistas anticapitalistas são presos, sendo um ferido gravemente na cabeça

Após repressão policial brutal contra manifestação, 5 ativistas anticapitalistas são presos, sendo um ferido gravemente na cabeça.

Na terça-feira 27 de abril, em Buenos Aires, Argentina, como parte de uma manifestação na embaixada da Grécia, em solidariedade ao ativista anarquista Giannis Dimitrakis, foram presos 5 manifestantes. Sendo um com ferimento grave na cabeça, transferido para o hospital. Isto tudo foi produto de uma ação repressiva brutal de policiais civís com armas de fogo. Os outros 4 manifestantes foram transferidos, cada um, para uma prisão diferente.

O juíz Bonadio acusou todos por "dano à propriedade", "prejuízo público", "resistência à autoridade" e "arrogância ideológica". Por causa deste último, o juíz ordenou invasões às casas de pelo menos 2 dos ativistas presos para tentar provar que "são um grupo que iria impor a sua ideologia à força".

A "arrogância ideológica", é uma acusação profundamente inconstitucional, pois estaria condenando as posições e ações políticas, consequentemente proibindo a liberdade de expressão.

A última informação publicizada foi que o juiz rejeitou a liberação dos 5 ativistas até que o caso seja resolvido. Entretanto ninguém sabe até quando irão essas "investigações" e isto se torna mais uma preocupação.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Da Grêcia aos Estados Unidos:Muito Obrigado!*


[Abaixo uma carta do/as anarquistas grego/as que estão em turnê nos Estados Unidos promovendo uma série de palestras e o lançamento do livro "Somos uma Imagem do Futuro: A Revolta Grega de Dezembro de 2008". Desgraçadamente há uma semana atrás aconteceu um infortúnio com ele/as, mas rapidamente o/as anarquistas estadunidenses criaram uma rede de solidariedade e conseguiram reaver boa parte do prejuízo material.]

Após nosso carro ter sido arrombado em Berkeley e uma grande quantidade de coisas valiosas terem sido levadas, nós ficamos admirados com o apoio do/as anarquistas estadunidenses. Já estávamos a um mês fazendo uma turnê ao redor do país em um carro emprestado e com pouquíssimos recursos, dando palestras sobre a insurreição na Grécia, e esperávamos partir naquele dia para a próxima palestra, quando encontramos as janelas do carro estilhaçadas e nos deparamos com a ausência de várias caixas de livros e equipamentos. Graças à generosidade de nossas redes, isto apenas nos atrasou um pouco.

O pessoal do Little Black Cart imediatamente espalhou a notícia e montou um link para coletar doações. Os compas da AK Press substituíram de graça uma das caixas de livro, e nos ajudaram a encontrar outros dos títulos que tinham sido perdidos. Um anarquista local pagou a reposição de uma nova janela para o carro. As doações, vindas de todo o país, chegaram aos montes. As pessoas cozinharam para nós, nos ajudaram com telefonemas, e nos acolheram para mais uma noite.

O resultado de tudo isso foi que estávamos preparados para partir no dia seguinte, ainda em tempo para nossa palestra em Oregon, com o nosso carro consertado, todos os nossos livros ainda em estoque, e a forte possibilidade de a Void Network ser capaz de ter um novo projetor e discos rígidos para substituir os que foram roubados (mesmo sabendo que os arquivos se perderam para sempre). E se nesse meio tempo nós conseguirmos encontrar um projetor de graça, daí teremos até algum dinheiro extra do levantamento de fundos, que iremos dar para a campanha de apoio a Scott e Carrie, que estão inspirando a todos nós por agarrar suas crenças com paixão apesar de terem sido encarcerados e ameaçados com anos de prisão.

Nós gostaríamos de agradecer especialmente ao povo de Portland, Oregon, por manter tudo isso real. Nós ficaríamos muito tristes se esta turnê fosse nada mais do que uma distribuição de um livro, e se livros não fizessem nada mais do que informar as pessoas enquanto refletem sobre a rotina na qual estão presas.

No dia seguinte à fala em Portland, os policiais mataram alguém, e as pessoas que tinham acabado de se reunir para falar sobre a resposta flamejante e inspiradora a um assassinato policial ocorrido do outro lado do mundo, e sobre suas próprias limitações locais, se reuniram novamente para lutar contra a agressão do Estado, para interromper a rotina de apatia e esquecimento, para não deixar outro assassinato ser silenciado, para limpar os sorrisos arrogantes da face da polícia.

Não achamos que seja uma coincidência o fato de os slogans gregos terem sacudido as ruas de Portland: ?Nossa paixão pela liberdade é mais forte que suas prisões!?, "E agora um slogan para unir a todos: Policiais! Porcos! Assassinos!". E não achamos que seja de pouca significância que no mais poderoso dos estados, mesmo que somente por uma noite, policiais tiveram que vir das cidades vizinhas para patrulhar as ruas e a força local foi chamada para proteger as delegacias policiais.

As ações de solidariedade estão continuando em Portland. Elas poderiam se espalhar se as pessoas em outros lugares também se sentissem afetadas por isto. Este país somente é vasto e extenso se deixarmos que se anule o sentimento de solidariedade com as pessoas que estão do outro lado, somente se formos liberais ao ponto de continuarmos a SENTIR que isso é uma questão isolada e não relacionada a nós.

No segundo dia de protestos em Portland, um anarquista foi preso e está respondendo a várias acusações de delito: http:/Esperamos que Joel tenha ainda mais apoio do que nós tivemos.

É hora de acreditar em nós mesmo/as!

E em algum dia, muito em breve, será a vez do/as anarquistas dos Estados Unidos viajarem para a Grécia, Espanha, e para o resto do mundo, e falar para as pessoas lá sobre as surpreendentes e corajosas lutas que estão sendo criadas aqui.

Obrigado por escutar. Obrigado por compartilhar. Obrigado por lutar. Obrigado por existir.

Na luta,



Nota da ANA: Na semana passada, Jack Dale Collins, um sem-teto, foi baleado e assassinado pela polícia de Portland, horas depois, cerca de 100 anarquistas se reuniram e marcharam pelas ruas da cidade em direção a Delegacia de Polícia do Oriente. Lá, quebraram janelas e bancos com paus e pedras. Ao mesmo tempo, espontaneamente, dezenas de moradores se juntaram aos anarquistas e demonstraram a sua raiva com a polícia. Algumas pessoas foram presas e liberadas em seguida. Um anarquista ainda permanece detido e deverá responder um processo. As ações anti-polícia continuam na cidade. Em breve informações mais completas.

*agência de notícias anarquistas-ana

Reino das saúvas:
num palácio escuro
mora uma rainha.

Os ataque à aducação e as tarefas do Movimento Estudantil anti-capitalista para 2010



Em um momento de refluxo das lutas, resgatarmos a memória do Movimento Estudantil (ME) se faz importantíssimo para aprendermos com os erros e acertos daqueles que lutaram e derramaram o sangue na luta. Em 28 de março de 1968, no Rio de Janeiro, morreu em confronto com a polícia o estudante secundarista Édson Luís, no auge da radicalidade e organização do ME. No dia seguinte a morte de Édson Luís, em Brasília, centenas de secundaristas fecharam a W3 Norte entrando em confronto e queimando carros da polícia.



Atualmente, sob as mesmas siglas de organizações que foram algo no passado - UNE, UBES e UMESB -, o que vemos são entidades totalmente falidas para as lutas, burocratizadas e atuando como correia de transmissão da classe dominante para dentro do ME. Para seguir um caminho de luta é necessário romper com a UNE e com o Governismo, sendo esta atitude central para a reorganização do ME.



Neste início de abril, exaltando o camarada Édson Luís e tantos outros que tombaram na luta contra o capitalismo, a Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC convoca todos os estudantes a participarem de um seminário onde discutiremos os atuais projetos neoliberais na educação, e que nos afetam diretamente, tais como o Sisu/Novo ENEM, o Ensino Médio Inovador, o REUNI, PROUNI etc. Discutiremos também a necessária reorganização do ME e da classe trabalhadora em geral. Una-se a essa luta! Ousar lutar, ousar vencer!

Dia 3 de abril - Início às 13:30h

Local: Auditório do SINDMETRO

(Conic, Ed. Venâncio 5, cobertura)

PARTICIPE DO SEMINÁRIO!!!

Armando Nogueira:Cúmplice dos Marinhos na Ditadura Militar*


Foi durante muito tempo cúmplice em "armações" da globo durante a ditadura e pós ditadura. Ele era o chefe do jornalismo quando o JN manipulou um debate para prejudicar o candidato Lula. Antes manipularam os números das apurações para o governo do Rio para prejudicar Brizola e ajudar o candidato da ditadura Moreira Franco. A tramóia foi descoberta. Brizola convocou a imprensa internacional para denunciar o fato e acabou sendo eleito governador.

Como jornalista, Armando Nogueira foi um excelente poeta e um prosista de texto refinado. Entrou no jornalismo da TV Globo em 1966, quando o golpe militar estava ainda fresquinho, e lá ficou até 1990, quando o novo presidente, Fernando Collor, convenceu Roberto Marinho a promover Alberico Souza Cruz ao posto máximo do jornalismo global, não que tivesse qualquer objeção a Armando, simplesmente porque precisava premiar o amigo Alberico que teve participação decisiva na edição do debate presidencial e ainda palpitou nos programas especiais que transformaram Collor no indômito "caçador de marajás".

Armando não foi demitido, pior que isso, sofreu uma "capitis diminutio". Foi "promovido" a assessor especial da presidência, o que a plebe chama carinhosamente de "aspone". Dedicou-se então ao jornalismo esportivo, onde, aí sim, foi um verdadeiro mestre da palavra escrita e falada. Fui revê-lo anos mais tarde apresentando um programa de esportes num dos inúmeros canais a cabo da Globo.


De Armando, pessoalmente, guardo duas passagens. Eu estava há menos de um ano à frente do Jornal da Globo quando cruzamos no corredor onde ficava a redação do Globo Repórter. Ele me parou e disse: "olha, eu quero te cumprimentar porque desde Heron Domingues não aparecia aqui um apresentador como a mesma naturalidade dele".


Heron era o ícone de toda uma geração de telejornalistas e ser comparado a ele era um elogio e tanto que elevou meu ego às alturas. Hoje, honestamente, não sei se foi sincero ou apenas uma frase de efeito com a qual seduzia todos que estavam entrando no império global.

Doutra feita, estava eu no Eng, a sala da técnica que comanda a transmissão dos telejornais, quando alguém me chamou ao telefone. Era o Armando: ?Tenho uma boa notícia para lhe dar, a partir de agora você vai passar a ganhar cinco mil cruzeiros por mês?. Entre surpreso e curioso, rebati de primeira: "e o que é que vocês vão querer em troca?" Armando ficou visivelmente decepcionado com minha reação, esperava talvez um emocionado agradecimento de quem ganhava dois mil reais.


Ora, pensei naquele momento, onde já se viu um patrão mais que dobrar o salário do empregado sem um motivo especial? Depois se esclareceu que eu, e todos os demais apresentadores, perdiam ali o status de funcionários da Globo e passavam a Pessoa Jurídica com contrato de firma. Na época uma novidade, hoje uma prática comum no mercado televisivo.

Mas apesar de todas as virtudes de Armando, cantadas em prosa e verso nos depoimentos de personalidades das artes, da política e do jornalismo, não dá pra esquecer que ele esteve à frente do jornalismo mais comprometido do Brasil: o que foi praticado pela Globo durante os anos da ditadura militar. O JN era conhecido como ?o porta-voz do regime?. As ordens que emanavam dos governos militares eram obedecidas sem questionamento.



Não me lembro, sinceramente, de ter visto por parte dos profissionais da Globo alguma tentativa de desobediência ou de driblar a censura, como fez por exemplo o Jornal do Brasil, que saiu com aquela capa histórica no dia seguinte à decretação do AI-5, 13 de dezembro de 68, iludindo os militares fardados que ocuparam as redações assim que terminou a leitura do ato discricionário.

Eu estava na TV Globo durante o primeiro mandato de Leonel Brizola à frente do governo do Estado do Rio. Entrei em maio de 83, pouco depois da posse do novo governo, e o jornalismo da Globo passava por uma grave crise de credibilidade, com seus repórteres e carros ameaçados nas ruas pela população.



Pesava sobre a emissora a acusação de, junto com a Proconsult, empresa contratada pelo TRE para apurar os votos da eleição direta para governador do Estado, em 1982, tentar fraudar o resultado para dar a vitória a Moreira Franco, o candidato do regime militar, apoiado pela família Marinho. Por engano ou má-fé, a emissora divulgava números que não refletiam a verdade da apuração.

Em 1984, no episódio das Diretas Já, onde atuei como narrador em off no comício da Candelária, no Rio, a postura da Globo foi a de ignorar por completo os movimentos populares que cresciam em todo país. Mas não bastava ignorar, era proibido usar a palavra ?diretas? em qualquer situação, mesmo como notícia, contra ou a favor. Até que a pressão popular tornou-se irresístivel e a emissora foi obrigada a render-se ao apelo da população brasileira.

Em 1989, no segundo e último debate entre Collor e Lula nos estúdios da TV Bandeirantes, no Morumbi, quando eu tinha acabado de deixar a Globo e estava lá representando a Manchete, observei que Lula estava visivelmente cansado e abatido. Além do esforço da reta final da campanha, ele tinha sido acusado no programa de Collor por uma ex-namorada, Mirian, de tentar convencê-la a abortar uma criança (a filha dele, Lurian).



Depois se soube que a estratégia (financeira) de colocar a enfermeira Mirian no foco da mídia a três dias da votação partiu de Leopoldo, o irmão de Collor e muito amigo dos Marinho. A família Collor é dona da emissora que retransmite a programação da Globo em Alagoas.


Toda essa lembrança histórica é para dizer que Lula foi mal naquele segundo debate, mesmo assim a Globo, na edição da matéria, destacou os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.


Os que têm boa memória hão de se lembrar da severa campanha do Jornal Nacional contra o então ministro da Justiça do governo Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel, que ousou impedir a liberação de uma carga de equipamentos supostamente contrabandeados destinados à TV Globo.

Durante várias edições, o JN acusou o ministro de envolvimento no contrabando de pedras preciosas, no qual Abi-Ackel não teve, comprovou-se depois, nenhuma participação. Mas pouca gente lembra disso. É provável até que os jovens executivos da Globo "desconheçam" o fato ou, se souberem, contem uma história diferente. Armando Nogueira estava à frente do jornalismo em todos esses episódios nebulosos que narrei com absoluta fidelidade. De uma maneira ou de outra compactuou com esse tipo de jornalismo corporativo e subserviente.

Talvez tenha faltado em Armando a coragem de assumir sua responsabilidade como diretor de jornalismo da Globo que notoriamente era o braço da ditadura militar na mídia. Sua memória estaria resgatada para sempre se um dia ele tivesse contado toda a verdade, que apenas cumpria ordens que vinham do oitavo andar, mais precisamente da sala do Doutor Roberto. Armando, como eu e todos os que trabalharam na emissora nos anos de chumbo, fomos cúmplices do regime. Uns por total desinteresse político, outros por opção ideológica, outros ainda por necessidade profissional.

Deixo aqui minha homenagem ao Armando Nogueira, poeta, cronista e escritor de texto sensível. E um adjetivo que ainda não ouvi nos inúmeros depoimentos sobre ele: um sedutor irresistível.

*O texto acima é de Eliakim Araújo

Defender a realização da Marcha da Maconha é defender a liberdade de expressão e de manisfestação


"Não há crime de apologia quando o que se pretende é discutir uma política pública, seja a de participação popular no poder, seja a de saúde, seja a fundiária, etc. Não importa muito o teor do pensamento, da argumentação que será expressa no locus público. Para a Constituição, o que importa é a liberdade de fazê-lo. O Judiciário, nem qualquer outro Poder da República, pode se arrogar a função de censor do que pode ou do que não pode ser discutido numa manifestação social. Quem for contra o que será dito, que faça outra manifestação para dizer que é contra e por que. (...) O que não podem fazer é tentar impedi-la. Isso sim, seria inconstitucional, atentatório à ordem pública e às liberdades públicas." (Processo nº 2009.001.090247-7, decisão de 14/04/2009).

Dr. Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, Juiz do IV Juizado Especial Criminal da Comarca do Rio de Janeiro

Na contramão de dezenas de países e de diversos estados brasileiros, desde 2008 a Marcha da Maconha vem sendo proibida em São Paulo, com argumentos morais e políticos que se escondem sob a infundada acusação de apologia ao crime. A apologia ao crime caracteriza-se como defesa pública de ato criminoso ou de criminoso condenado pela Justiça. A Marcha da Maconha não defende nenhum comportamento ilícito: pelo contrário, existe como demanda de licitude para algo que hoje é proibido. Sua proibição viola os princípios constitucionais de livre manifestação do pensamento (Artigo 5º, IV da Constituição) e direito de reunião (Artigo 5º, XVI da Constituição, Artigo XX, I, da Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Em 2008 e 2009, a proibição aconteceu sem oportunidade para a os defensores da Marcha apresentarem seus argumentos. Foi feita às vésperas do evento, por liminar, e sem julgamento posterior do mérito da decisão. Por meio deste manifesto, reivindicamos a liberação da Marcha da Maconha 2010 para o dia 23 de maio, sob guarida dos preceitos constitucionais acima citados, e conclamamos a Desembargadora Maria Tereza do Amaral, da 11ª Câmara Criminal do TJSP, que julgue o mérito da decisão de proibição antes da data marcada para o evento.

A Marcha é um evento pacífico e seus organizadores recomendam a todos os participantes que não portem nem façam uso de qualquer substância por enquanto ilícita. O coletivo organizador do evento já informou a Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e a administração do Parque do Ibirapuera sobre o evento e seu caráter pacífico.

A proibição da Marcha vai muito além da demanda por controle social e legal dos psicoativos. A defesa da liberdade de expressão e manifestação é imprescindível a todos que prezam por Democracia, Justiça e Liberdade.

Assinam:
Marcha da Maconha - Coletivo SP
DAR - Coletivo Desentorpecendo A Razão - SP

Contra a Especulação Imobiliária

Desde o dia 14 de Março cerca de 17 pessoas (incluindo uma criança e um idoso) ocupam uma antiga fábrica de cera de Carnaúba (abandonada há mais de 15 anos) localizada no Bairro de Fátima, em Fortaleza. Em nota, o coletivo colocou: "decidimos ocupar este imóvel tanto pela necessidade de moradia quanto para construirmos um espaço cultural libertário onde desenvolveremos diversas atividades de caráter politico/cultural que vão desde a oficinas práticas de malabares,teatro,cordel,zine,artesanato até debates políticos ,mini-cursos,etc".

O coletivo denomina a ocupação de Squat Toren: Os Squats surgiram em meados da década de 60 enquanto um movimento contra-cultural e se caracteriza pelo uso e ocupação de prédios abandonados geralmente atrelados à questão da especulação imobiliária e a processos de expulsão de moradores tradicionais (gentrificação). O terreno, localizado num bairro nobre da cidade, era conhecido da vizinhança por ser espaço de uso de drogas, esconderijo para roubos e depósito de lixo. Salienta-se ainda que a fábrica passa por um processo de falência desde 1996.

Desde então, depois que iniciaram a ocupação, o coletivo Squat Toren retirou entulhos do local, fizeram dois atos públicos dialogando com a comunidade que os apoiou com a doação de materiais de construção, água e alimentos. Em nota colocaram que na noite do dia 16 de Março a policia civil apareceu armada ao local e agrediu um dos ocupantes. Informam também que a Polícia Militar já compareceu diversas vezes e, no dia 30 de Março, receberam uma ameaça de despejo pelo suposto proprietário informando que iria aparecer com policiais num dia de feriado (quinta-feira).

A situação no local segue indefinida e o a Ocupação Squat Toren pede aos movimentos sociais solidários a causa que os ajudem de qualquer forma: desde a presença física (convidando para participar com atividades) até doação de materiais de construção, livros pra biblioteca, etc.