segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (Brasil/França, 2014)


(Documentário, 93min, Legenda PT/Br, 1.9 GB, Prod. Imovision)

Ao longo dos últimos 40 anos, o fotógrafo Sebastião Salgado viajou pelos continentes seguindo os passos de uma humanidade em constante mudança. Testemunhou os maiores eventos de nossa história recente: conflitos internacionais, fome e êxodos… Ele agora embarca na descoberta de territórios primitivos, da fauna e flora selvagens, de paisagens grandiosas: um grande projeto fotográfico em tributo à beleza do planeta. A vida e obra de Sebastião Salgado são reveladas por seu filho, Juliano, que o acompanhou em suas últimas viagens, e por Wim Wenders, também fotógrafo.


Filme
Legenda
(Via 4shared)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

OST Basquiat - Traços de uma vida, de Julian Schnabel (EUA, 1996)




(Drama, 147min, Prod. Peter Brant and Joseph Allen)

A história de Jean-Michel Basquiat, interpretado por Jeffrey Wright, que começou sua carreira de artista morando nas ruas de Nova York e se tornou nome importante da arte contemporânea. Ainda nas ruas, Baquiat conhece o célebre Andy Warhol (David Bowie), mostra-lhe suas pinturas e consegue sua ajuda para entrar na alta roda do mundo das artes. Mas sua trajetória, que inclui romances, drogas, rebeldia, crítica e desprezo ao dinheiro, termina rapidamente, com sua morte aos 27 anos, em 1988. Aqui, o registro da belíssima trilha sonora assinada por John Cale. 

01. Michael Wincott - Van Gogh Boat
02. Public Image Ltd. - Public Image
03. Them feat VanMorrison - It's All Over Now,Baby Blue
04. Nick Marion Taylor - Suicide Hotline
05. Toadies - I'm Not In Love
06. P.J. Harvey - Is That All There Is-
07. GrandMaster Flash & Melle Mel - White Lines
08. Tripping Daisy - Rise
09. Joy Division - These Days
10. Brian Kelly - She Is Dancing
11. Tom Waits - Tom Traubert's Blues
12. David Bowie - A Small Plot Of Land
13. Pogues - Summer In Siam
14. Gavin Friday - The Last Song I'll Ever Sing
15. John Cale - Hallelujah


(Via 4shared)


Machuca, de Andrés Wood (Chile, 2004)



(Drama, 120min, Legendas Pt/Br, 691 MB, Prod. Wood Producciones (Chile), Tornasol Films)

Chile, 1973. Gonzalo Infante (Matías Quer) é um garoto que estuda no Colégio Saint Patrick, o mais conceituado de Santiago. Gonzalo é de uma família de classe alta, morando em um bairro na área nobre da cidade com seus pais e sua irmã. O padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio, inspirado no governo de Salvador Allende decide implementar uma política que faça com que alunos pobres também estudem no Saint Patrick. Um deles é Pedro Machuca (Ariel Mateluna) que, assim como os demais, fica deslocado em meio aos antigos alunos da escola. Provocado, Pedro é seguro por trás e um deles manda que Gonzalo o bata, que se recusa a fazer isto e ainda o ajuda a fugir. A partir de então nasce uma amizade entre os dois garotos, apesar do abismo de classe existente entre eles.


(Via 4shared)

Soy Cuba, O Mamute Siberiano, de Mikhail Kalatozov (Cuba, 1964)


(Drama, 91min, Prod. Três Mundos Produções)

Quatro histórias independentes traçam um painel de Cuba entre a derrubada do regime de Batista e a revolução comunista. Em Havana, Maria envergonha-se quando o homem de quem gosta descobre como ela ganha a vida. Pedro, um camponês idoso, descobre que a terra que cultiva foi vendida a uma empresa. Um universitário vê seus amigos serem atacados pela polícia quando distribuíam panfletos a favor de Fidel Castro. Por fim, uma família de camponeses é ameaçada pelas forças de Batista.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Riso dos Outros, de Pedro Arantes (Brasil, 2012)

"O discurso humorístico também é um discurso ideológico"


(Documentário, 52min, Prod. Massa Real)

Até que ponto pode-se dizer que uma piada que ridicularize os negros, as mulheres, os homossexuais, os obesos, os deficientes físicos e mentais está apenas fazendo o seu papel de ser engraçada?
O documentário em questão aborda de forma profunda esses aspectos e os relaciona com o grau de desenvolvimento político e cultural de uma sociedade, questionando o que se é aceitável de falar publicamente.
Nessa discussão, há espaços para comediantes que utilizam-se do preconceito como humor, ativistas que debatem essas condutas e humoristas que decidiram não se dobrar a esse velha técnica de se arrancar uma risada, fazendo de suas palavras algo transformador.

Para Jorge Lira

Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico, de Wilson Freire (Brasil, 2008)


(Documentário, 22min, Prod. Bitola: Mini-DV)

Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico é um documentário sobre a trajetória artística e de vida do poeta recifense João Cláudio Flávio Cordeiro da Silva, conhecido como Miró ou Miró de Muribeca. O filme mostra também o forte conteúdo social de seus poemas, publicados desde 1985 de forma alternativa e recitados em praças, bares, eventos culturais, escolas e universidades de todo o Brasil.

Através de intervenções poéticas com o próprio autor, em diversos pontos do Recife (desde o centro histórico até as mais novas favelas onde foram captadas as imagens do cotidiano relacionadas com seus poemas), o filme mostra depoimentos de artistas plásticos, escritores, pesquisadores, entre outros, e o forte conteúdo social da obra do poeta Miró: uma forma de documentar o hoje da cidade, sua geografia e suas pessoas, o modo de viver e o modelo de vida.

Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho (Brasil, 2009)



(Drama, 95 min, Áudio Pt/Br, 695 MB, Prod. Dezenove Som e Imagens)

Esmir Filho prossegue aqui, nesse ingresso no longa-metragem, com o que já vinha exercitando em alguns de seus curtas, sobretudo Alguma Coisa Assim e Saliva: aproximar-se do universo juvenil, adolescente e pós, fabricando imagens que reproduzem ou fazem canal com as interioridades de seus personagens. Os Famosos e os Duendes da Morte fala de um rapaz de 16 anos que vive numa típica cidade interiorana gaúcha, devidamente entediante para um adolescente. Não à toa, esse fã de Bob Dylan tem contato com a vitrine do mundo por meio da internet, utilizando assim a rede (blogs, flickrs etc) como um dos canais de transcendência daquele espaço e condição. É através de vídeos do YouTube que teremos contato com uma personagem quase irreal, uma mocinha linda, que inaugura o primeiro minuto de filme e que será um mantra no correr da projeção. O longa explicará, em doses homeopáticas, quem é a pequena e o rapaz que a acompanha nos vídeos.
Essa situação (esteticamente diferenciada, meio vídeo texturizado, emulando bastante as inserções que Van Sant faz em Paranoid Park) é a roldana que faz girar a história do filme e que, saberemos no meio da história, é afinado a uma idéia de mistério a ser desvendado. E isso é um tremendo problema ao filme. Porque essa questão sobre o que são aqueles dois “fantasmas” toma um corpo que acaba disputando o fundo do funil com aquela que inicialmente parecia ser a questão orbital do filme: o universo do jovem protagonista, sua vida e sua relação com aquele lugar. Pelo menos, é isso que o longa faz em seus primeiros momentos – e, seguindo a cartilha dos bons momentos de sua produção cinematográfica pregressa, em que constrói-se na tela um universo bastante coerente com seu protagonista, fazendo a câmera se juntar a ele na chapação herbal da maconha, no papo prosaico com seu melhor amigo, na contemplação de um teto de quarto adesivado com estrelas fosforescentes, na bebedeira com a mãe. Esmir usa planos mais alongados, para seqüências ainda mais esticadas.

Assim, causa alguma quebra (que começa com pequenos trincos até uma certa fratura exposta nos minutos finais), na “resolução do enigma”, a inclinação que vai se dando até encaixar Os Famosos e os Duendes numa estrutura de roteiro de acontecimentos. É como se todo o procedimento de alongar os planos, colocar a câmera amiga ao seu protagonista, registrando pequenos e interessantes momentos banais, tivesse uma intenção de encaixar o filme num certo modelo, num certo sobrenome. Seria injusto apontar uma esperteza neste movimento por parte do cineasta, uma vez que ele vem exercitando seu cinema por esse caminho desde bem antes. Seria mais uma caligrafia, um talhe de imagem que Esmir Filho sabe fazer e acredita. Mas, ao comparecer à tela imagens que fazem ponte direta com as do cinema de Gus Van Sant (sobretudo as de Paranoid Park), parece inescapável constatarmos que ele dirigiu este seu longa sob forte influência cinefílica. As reiterações e emulações fazem parte do cinema há décadas, claro, e é inclusive o que renova em grande parte a linguagem dessa arte. Mas o que não pode ocorrer, para azar justamente do cineasta, são as pontes e recorrências servirem como uma régua severa, que apontem falhas que são, de certo modo, recorrentes nos primeiros vôos cinematográficos.

Usando-se a métrica Gus Van Sant, pode-se dizer que Os Famosos e os Duendes da Morte puxa para si as imagens em Super-8 de Paranoid Park sem abrir mão daquilo que Gus Vant Sant faz questão de abdicar: a dramaturgia corriqueira, a revelação, o aplaino das arestas dramáticas. O filme de Esmir Filho, bem bonito em alguns momentos mais dedicados ao seu personagem, passa longe de Last Days, de Gerry, de Elefante e de Paranoid Park, todos mais ocupados em capturar as superfícies de seus jovens personagens, tateando suas presenças, observando para tentar descobrir algo mais interior. O filme de Esmir devassa a interioridade de seu protagonista, numa “traição” ao personagem, mas, sobretudo, ao que estava sendo mostrado no seu promissor início. A escrita cinematográfica de Esmir Filho não possui garranchos, mas, no cinema como na palavra escrita, a boa caligrafia não impede que o texto arruíne a redação.

Por último, vale falar da potente trilha sonora; ora na presença de Bob Dylan, ora na companhia do brasileiro multinstrumentista Nelo Johann, com que deixo a bela canção Pigeon Suicide Squad:


Download
(Via 4shared)

Necrológico dos desiludidos do amor



Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.
Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.
Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia.
Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e segunda classe).
Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.

Carlos Drummond de Andrade