quarta-feira, 30 de junho de 2010

Poema ao garoto homossexual de 14 anos, estrangulado



Este poema foi escrito em homenagem ao garoto homossexual estrangulado por homofóbicos...


SE TIVESSE DADO TEMPO... (Luciano Lira)

Se tivesse dado tempo eu iria a algumas festas, em outras não seria convidado, mas iria mesmo assim, sabe como é, coisas de um menino de 14 anos.

Se tivesse dado tempo eu iria ao shopping no ano que vem e compraria um presente pro meu namorado que eu nem sei quem poderia ter sido.

Se tivesse dado tempo, poxa, eu achava que ia dar, eu sentaria no ponto do ônibus pra esperar nada nem ninguém, apenas pra ver a vida correndo e me invejando sem pressa alguma.

Se eu soubesse que não daria tempo, eu comeria mais brigadeiros, mais balas 7 bello, teria lambido mais bacias de bolo que minha mãe certamente faria, eu furaria todas as latas de leite moça do mundo! Eu teria experimentado os doces lacrados do mercado.

Se passasse pela minha cabeça de menino bobo que a vida pode ser interrompida e que matam gente como se mata bicho, eu teria feito as pazes com o amigo que briguei dias antes, teria dito a minha mãe o quanto a amava, dez vezes por dia e a abraçaria já com pena do que ela teria que suportar. Do peso que é a ausência de quem se pariu pra amar.

Se tivesse dado tempo, eu picharia o muro do meu colégio lembrando a todos de se amarem mais, de se beijarem mais, de não deixar passar em branco qualquer sentimento bom que se tenha, porque a vida pode sim se transformar em morte em dez segundos.

Se tivesse dado tempo eu explicaria na sala de aula à professora de Biologia, o motivo de eu ter rasgado o capítulo do livro em que dizia que o homem nasce, cresce, se reproduz e morre.

Se tivesse dado tempo eu teria pedido a minha mãe pra ver Alice no País das Maravilhas em 3d, comendo pipoca, ia pedir por favor pra ela não brigar por eu querer o combo maior, ah mamãe, seria o último...
Aí, na confusão de gente que entra e sai da tela, eu ia fugir e escapar com o Chapeleiro Maluco da covardia do mundo que não precisa de óculos especiais, mas sim lenços pra enxugar lágrimas.

Se eu imaginasse que aos 14 anos minha mãe deixaria de me dar a mesada pra comprar meu caixão eu juro que teria ido pela outra rua, eu juro que viraria pássaro e chegaria em casa voando, observando os covardes do carro branco, os assassinos de crianças perdidos feito bobos procurando o menino biônico que acabara de cruzar os céus feito uma estrela iluminada.

Se me dessem tempo de argumentar, eu teria apenas dito a eles pra que cuidassem então da minha mãe, eu só pensei nela a cada segundo triste.

Se tivessem me dado escolha, eu escolheria viver é claro. Então não acreditem mais quando dizem que a vida é feita de escolhas. Nem sempre é assim.

Se tivesse dado tempo eu teria passado a senha do orkut, do twitter e pediria ao meu melhor amigo pra escrever luto e mandar em mensagem automática o que realmente aconteceu, um retrato falado em 140 caracteres. E o mais importante em apenas nove, EU TE AMO.

Se por acaso eu tivesse tido tempo de chamar minha mãe, eu teria dito a ela que estava doendo, que ela me abraçasse e passasse o Merthiolate que não arde.

Se por acaso tivesse dado tempo, eu teria me declarado a ele, teria dito que o amava muito, mas tinha vergonha de dizer com medo que ele somente achasse graça e virasse de costas.

Se por acaso tivesse dado tempo, naquela fração de segundos onde a vida dá lugar a morte, eu teria beijado a face de quem minha face deixou irreconhecível.

Se tivesse dado tempo e por Deus, tinha que ter dado, eu me formaria Juiz. Porque quem me matou certamente matará novamente, porque quem mata criança tem a alma doente e sem sombra de dúvidas estaria um dia sentado na minha frente ouvindo a sua condenação.

Se tivesse dado tempo eu teria gritado por socorro, pro Ben 10, pro Naruto, Pro Super Homem ou pro Zorro, porque em nenhum momento eu acreditei que não fosse uma obra de ficção.

Até o derradeiro momento em que não tinha mais ar, não tinha mais forças e não sentia mais meu pequeno coração.

Alexandre Ivo Rajão, 14 anos, foi assassinado na segunda-feira, 23/06/2010, em São Gonçalo-RJ.

terça-feira, 29 de junho de 2010

As eleições e o caráter do estado



Nestes últimos anos a natureza tem sido particularmente pródiga em desmentir toda a demagogia do oportunismo à frente do gerenciamento PT-FMI. Montanhas de reais, gastos em propaganda mistificadora, vêm abaixo junto com as enchentes e avalanches de lama e lixo que destroem as casas e eletrodomésticos comprados no crediário das Casas Bahia, devidamente estimulado por Luiz Inácio.


As enchentes de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Sergipe, as epidemias de dengue, meningite, gripe e outras mazelas falam bem mais alto sobre o verdadeiro caráter da "democracia brasileira" do que os eletroeletrônicos comprados a perder de vista, mas com juros escorchantes, tão alardeados pelo oportunismo como expressão maior desta democracia de fancaria.

Também saltam aos olhos e às consciências os estratosféricos lucros obtidos pelos bancos e o fato de uma pessoa como Eike Batista, da noite para o dia, se tornar um dos cinco homens mais ricos do mundo, e mais, a facilidade e benevolência com que o BNDES favorece à formação de monopólios, incentivando fusões, inclusive ao arrepio da própria lei feita por este Estado.

Aí, sim, está à vista o verdadeiro caráter da "democracia brasileira": tudo para os ricos e esmolas para os pobres.

Ao ingressarmos em mais um período de campanha eleitoral é conveniente desmascarar os mal intencionados e alertar os ingênuos sobre o significado das eleições burguesas, principalmente nos países semicoloniais onde vigora um capitalismo de tipo burocrático no qual o poder, ou seja, o Estado, é instrumento de dominação da grande burguesia e do latifúndio, de velho e novo tipo, a serviço do imperialismo.

Eleição não muda nada
Há mais de cem anos que se vota no Brasil. Após a proclamação da República, que não alterou a dominação de classes do império, as eleições têm servido, no máximo, para estabelecer novas correlações de força entre as várias frações das classes dominantes, ora dando maior parcela de poder ao latifúndio e à burguesia compradora, como na chamada república velha, ora dando mais poder à burguesia burocrática, como nos gerenciamentos de Getúlio, de Juscelino e Jango. Na história da república brasileira, o caráter do Estado, independente de qual corrente política o gerencia, permanece inalterado: democracia para as classes dominantes e ditadura para as amplas massas de operários, camponeses, semiproletários e demais classes (pequena e média burguesias) exploradas da sociedade. Esta imutabilidade do caráter do Estado atravessa, inclusive, os períodos de ditadura aberta (fascista) como o "Estado Novo" e o regime militar instaurado através do golpe cívico-militar de 1964, ou ditadura disfarçada, pela realização de eleições, como os recentes gerenciamentos Collor-Itamar, Cardoso e Luiz Inácio.

Manter a opressão e a exploração
Advertindo sobre o verdadeiro caráter das eleições burguesas, Marx alertava os partidos socialistas de seu tempo de que sob a dominação de classe da burguesia as eleições só serviam para, de tempos em tempos, escolher quem iria oprimir o povo no parlamento.

O apodrecido processo eleitoral brasileiro mantém a atualidade da afirmação de Marx. A cada eleição, independente da corrente política ou da fração das classes dominantes que assuma o sistema de governo, o poder do latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo sai mais fortalecido, em detrimento das reais necessidades da imensa maioria do nosso povo. Este continuará morando mal, comendo mal, sem saúde e educação adequadas, sem terra para plantar, sem emprego ou com salário de fome, submetido à opressão policial e ao processo de achatamento cultural promovido, especialmente, pelo monopólio dos meios de comunicação.

Só a Revolução pode mudar
A experiência histórica do proletariado mostra-nos que em lugar nenhum do mundo se conseguiu transformar as estruturas de poder sem que o proletariado, como classe, dirigido por um partido revolucionário, ousasse assaltar os céus. Foi assim na Comuna de Paris, na Revolução Russa e na Revolução Chinesa.

Também os processos de revoluções de libertação nacional desenvolvidos na América Latina, na África e na Ásia são comprovações de que as transformações de profundidade só foram conquistadas quando os povos lançaram mão da violência revolucionária para liquidar a dominação de seus opressores e exploradores.

Situação e "oposição" do oportunismo
Desde seu primeiro número em 2002, AND cunhou a expressão "eleição num sistema de partido único", para demonstrar que a mera participação no corrupto e apodrecido processo eleitoral brasileiro já é definidora da posição ideológica das organizações ditas partidárias que se registram no Superior Tribunal Eleitoral com estatutos que se diferenciam no secundário e se unificam no principal: a aceitação deste status quo de dominação do sistema burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo. Tanto é assim que sua prática ao assumir o gerenciamento, quer no nível municipal, estadual ou federal, no essencial, não se diferenciam quanto ao tratamento dispensado às classes dominantes e às classes dominadas. Compare-se a administração de PSDB, DEM, PMDB, PT-Pecedobê, PDT, PSB, PPS, PP e PV e encontrar-se-á como elementos comuns: o servilismo ao sistema financeiro internacional, via FMI-Banco Mundial, aos bancos "nacionais", aos monopólios nacionais e transnacionais, ao latifúndio de velho e novo tipo, tudo isso desenvolvido em paralelo a um permanente processo de corrupção para formação de caixa de campanha eleitoral e de fortunas pessoais.

Agremiações outras como PSOL, PSTU, PCO e PCB, que no máximo ocupam postos no legislativo, fazem uso de um discurso de denúncia de desvios administrativos e de cobrança de promessas não cumpridas sem, entretanto, usar o parlamento para questionar as raízes do sistema de exploração de classes. Fazem uma apologia do socialismo para "inglês ver" e apresentam programas liberais para suas candidaturas aos cargos executivos. Estes "socialistas de boca" fogem da revolução e ao referendarem o espúrio processo eleitoral igualam-se aos "partidos" integrando-se ao partido único como uma de suas frações.

Boicotar a farsa eleitoral
Há várias eleições que uma parcela significativa do eleitorado (mais de 30% no período de FHC e 27% no de Luiz Inácio) tem votado em branco, nulo ou simplesmente não comparece às urnas. Neste sentido esta parcela do povo está mais avançada que certas organizações ditas de esquerda que seguem legitimando o processo eleitoral burguês e integrado ao sistema reacionário.

Cada vez mais cresce o protesto popular, principalmente, no campo e nos bairros periféricos onde é voz comum o xingamento aos políticos de todas as correntes e a afirmação de que não se votará em nenhum deles.

Cabe, portanto, àqueles que aprofundaram a consciência sobre o significado das eleições nas semicolônias como o Brasil, organizar e coletivizar esta luta, que vem sendo desenvolvida pelas pessoas individualmente, com a formação de comitês de luta pelo boicote à farsa eleitoral, desencadeando uma intensa campanha de agitação e propaganda em torno de "eleição não, revolução sim".

[Toronto] G20, mais de 900 presos.



Durante o final de semana a polícia canadense realizou o seu maior número de prisões em massa da história do Canadá, prendendo agressivamente mais de 900 pessoas em incidentes relacionados com o G20.
Policiais prenderam mais de 900 pessoas por conta do encontro nos últimos 20 dias. No sábado pela manha a policia disse que tinha prendido 32 pessoas, o que significa que de sábado para domingo foram presos outros mais de 800 pessoas.
A Associacao Canadense de Liberdades Civis denunciou as prisões em massa, dizendo que era ilegal e inconstitucionais porque a policia não tinha razoes para acreditar que todos os detidos tinham cometido crimes ou estavam por fazelo.
As prisões tem como finalidade evitar qualquer contestação mais significativa ao encontro, sendo a tática bastante clara: prendam todxs. As condições nos centros de prisão temporária são relatadas como bastante ruins, com falta de comida e varias outras sinistragens.
Em todo o mundo as coisas vão igual. A ditadura, disfarçada de democracia, mostra suas garras sempre que se sente de alguma forma realmente contestada, e aos que jogam o seu jogo de legalidade, sempre é uma surpresa ver que os que ditam as leis na realidade pouco se importam com elas, e seguem construindo seu plano de controle e massificação da estupidez com tranqüilidade e paz

quarta-feira, 23 de junho de 2010

MAIS CONHECIMENTO E MENOS IDEOLOGIA

Então, podemos afirmar que quanto mais o cidadão tem conhecimento, menos ele estará sujeito a ideologias milagrosas e em geral utópicas.
Para alguns isso parece estranho, mas na verdade é simples, quando começamos a entender que uma ideologia apenas alcança a massa quando esta está desprovida de conhecimento ou da falta de interesse em analisar que realmente uma ideologia promete a eles.

Todas as ideologias são como políticos em campanha, prometem, prometem e ao assumirem esquecem o que prometeram. Discursos baseados em promessas, são velhas armadilhas para cooptar incautos e desevisados. Vejam por exemplo, a ideologia concebida por Karl Marx. Ela se sobressaiu por um bom tempo em países expressivos como a Ex-URSS e China e outros que foram no rastro do grandes, a fim de obterem vantagens econômicas e manterem os ditadores no poder.

Com a queda do muro de Berlim, ouve um novo rearanjo de forças, sem a bipolaridade existente até então. As transformações foram ocorrendo e vemos que o capitalismo transformou por exemplo a China na locomotiva mundial do comércio e a Rússia buscando o seu espaço global através de um forte estratégia de comercio com todos os países do mundo, sobretudo os EUA e a Europa.

O que restou de um conjunto de idéias de karl Marx ? Sicenramente, nada! Isso mesmo, nada. As idéias de Marx foram concebidas no século 19, para se contrapor a industrialização e ao capitalismo selvagem. Lenin, Stalin e Mao, foram oportunistas na tomada de poder, impondo um regime inflingiu pesados traumas a sociedade como um todo. Entre outras coisas, podemos citar a fragilidade economica, genocídios, liberdade de expressão e pensamento.

O conhecimento histórico e a capacidade de discernimento, são peças fundamentais ao ser humano, para não cair em armadilhas ideológicas, que alienam e tornam sociedades e massa de manobra aos ambiciosos pelo poder absoluto, ditatorial e muitas vezes hereditáro.

O cidadão que conquista o conhecimento, experimenta a liberdade e esta acima de ideologias.

Há dois pontos importantes que concorrem para o desmantelamento de ideologias, que enclausuram o homem em um pensamento único:

1. Fatos históricos - É com os fatos que se pode analisar o desempenho de uma ideologia. Podemos exemplificar o Comunismo de Karl Marx, que a concebeu no século 19 e posto em prática no século 20, sobrevivendo durante uns 70 anos. As consequencias à sociedade, são bem conhecidas: Fracasso economico-financeiro e sobretudo genocídio.

2. A consquista do conhecimento - Quanto mais uma sociedade evolui em seu conhecimento, mais ela é dotada de discernimento e pensamento livre. Com as informações transitando no mundo em tempo real, o cidadão eleva ainda mais a sua percepção e se afasta gradualmente de armadilhas, muito parecidas com os engodos dos políticos mundo a fora.

O que é importante neste debate é melhorarmos a visão sobre este assunto, mas deixando que a lata do lixo da história faça o seu trabalho de decomposição natural.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Uma prévia do que nos espera em 2016

VIDEO DO ''CAMPO DE CONCENTRAÇAO'' NA ÁFRICA DO SUL...
A 30 km do novíssimo estádio de Green Point, o assentamento improvisado de Blikkiesdorp está separado da Cidade do Cabo pela enorme pista do também novíssimo aeroporto local. Parece feito sob medida para não ser visto pelos milhares de torcedores que rumarão direto do terminal de desembarque para as muitas atrações da cidade mais turística do país da Copa do Mundo.

Para seus 3.000 residentes, a Copa é uma maldição. Por causa do evento, dizem, foram removidos das áreas centrais da cidade e jogados no que chamam de "depósito de gente", ou "campo de concentração".

O local é cercado por grades. Os moradores vivem em barracos de zinco de 18 m2, em que o forro do teto é feito de plástico-bolha e o piso é um adesivo imitando lajotas. As paredes, de tão finas, podem ser cortadas por tesouras, e oferecem proteção mínima contra o frio e a chuva. No verão, o lugar queima.

Veja mais no vídeo seguir, gravado pelo repórter fotográfico Joel Silva, e leia a reportagem completa, do enviado especial à cidade do Cabo Fábio Zanini, na edição desta terça-feira da Folha.

Clique aqui para ver o vídeo

As remoções e despejos de favelas e ocupações urbanas no Rio de Janeiro já começaram, daqui a pouco virão os tais campos de concentração...

Contra as remoções e despejos, lutar por um plano de obras custeado pela taxação dos lucros dos empresários e banqueiros para garantir moradia de qualidade para os trabalhadores pobres e negros do Brasil!

domingo, 20 de junho de 2010

África do Sul? Vá e não me chame.



Você vê os estádios da África do Sul, a maioria deste tipo de arquitetura modernosa que a China consagrou nas Olimpíadas, e pensa, como o presidente Lula quando visitou Windhoek, na Namíbia: "Tão legal que nem parece a África".

Não parece e nem é.

Primeiro - é um país recordista na epidemia de AIDS: 20% da população adulta do país está contaminada pelo vírus da imunodeficiência adquirida. Das prostitutas e prostitutos sulafricanos, 47% (quase a metade) estão infectados. E a situação não muda porque as tribos que se revezam no poder desde o fim do racismo institucionalizado (apartheid) em 1990, não têm quadros na área de Saúde para encaminhar a solução do problema.
Para se ter uma idéia, a ex-ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, há pouco mais de três anos ainda entrava em rede nacional de TV e rádio para recomendar o uso de BETERRABA E ALHO para "curar" AIDS.
Quando ela saiu do Ministério da Saúde, em 2007, colocaram uma especialista em saúde pública que no mesmo ano foi logo demitida porque viajou para uma Congresso de Combate à AIDS na Europa. É por aí que a carruagem anda na África do Sul...

Segundo - os grupos tribais que se impuseram no poder não deixam o país avançar e o governo negro tem que pagar salários altíssimos para manter os brancos (mão-de-obra altamente especializada) nos postos de trabalho para que o país não entre em colapso, pois logo depois da posse de Nelson Mandela, houve uma debandada de brancos em direção à Europa e os brancos eram, justamente, os médicos, engenheiros, professores, arquitetos, enfim, aquilo mesmo.

Terceiro - O problema de trabalho na África do Sul é catastrófico: 40% da mão-de-obra do país está desempregada e o resultado disso é uma violência epidêmica.

Quarto - Turismo na África do Sul é pior que no Brasil. Para se sair à noite, só em comboios com guardas armados. Ninguém se aventura alguns passos longe dos hotéis.

Resumo da ópera: o apartheid acabou, mas 20 anos depois do fim da supremacia branca, até agora, os 47 milhões de habitantes (40 milhões negros) não viram mudanças substanciais. A maioria negra continua afastada da propriedade das terras, por exemplo, que continua nas mãos, em 80%, dos brancos.

A miséria é tamanha, que nas grandes cidades a favelização aumentou estupidamente nos últimos 20 anos de supremacia negra.

Os políticos sulafricanos conseguem ser mais bizarros do que os brasileiros. Só estão interessados em seus projetos corporativos e a corrupção campeia.

Por fim, o presidente do país, Jacob Zuma, consegue transformar o nosso presidente Lula é estadista, filósofo e o que mais você desejar. Pois, pense bem: Zuma é polígamo (tem três esposas oficiais e outras não-oficiais) e sua vida pessoal é uma comédia tão bisonha quanto a vida de Berlusconi na Itália e um incentivo à avacalhação nacional.

Chega, não aguento mais. E a TV vendendo no mundo inteiro uma imagem de girafinhas comendo folhinhas no alto das árvores. Olhe, me deixe!

P.S.: quer entender a África do Sul? Veja o filme "Mandela" e o filme "Distrito 13" que você vai ter uma idéia mais ou menos sem precisar correr o risco de tomar um tiro em qualquer esquina da Cidade do Cabo ou de Johannesburg.

Perto de um ano de golpe, hondurenhos continuam em resistência e lutando por uma Assembléia Constituinte


Há meses os movimentos sociais e sindicatos de Honduras organizam uma consulta popular sobre a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e exigindo o retorno de cerca de 200 hondurenhos/as exilados/as, incluindo o presidente constitucional Manuel Zelaya. A Frente Nacional de Resistência Popular já alcançou quase meio milhão de assinaturas na consulta que deve continuar até 28 de junho, quando se completa um ano de ditadura em Honduras. Manuel Zelaya foi derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho do ano passado. O golpe de Estado se deu no dia em que aconteceria uma referendo sobre incluir ou não uma quarta urna nas eleições de Novembro daquele ano para os hondurenhos votarem se queriam ou não uma Assembléia Constituinte. Isso irritou a oligarquia hondurenha que, com o apoio de militares dos Estados Unidos, derrubou o presidente e instalou uma ditadura que dura até hoje. Este referendo de 2009 foi organizado por Zelaya porque os movimentos sociais apresentaram uma consulta semelhante a que estão fazendo agora com cerca de 600 mil assinaturas pedindo a Assembléia Constituinte. A Constituição hondurenha foi feita em 1982 durante um período de ditadura, sem consultar o povo, por isso a vontade popular de mudá-la.

Desde a posse de Pepe Lobo, em janeiro desse ano, eleito em uma votação que contou com menos de 40% da população numa eleição sob regime ditadorial, as violações aos direitos humanos aumentaram contra a população que resiste ao golpe de Estado. Mais de 700 denúncias de violações aos direitos humanos foram recebidas pelo Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (COFADEH), que supõe existirem muitas mais, já que a maioria das pessoas não denuncia com medo de represálias. A maior parte das violações são cometidas pelo próprio poder executivo. Em cerca de 6 meses, foram 12 assassinatos por razões políticas; 63 ameaças de morte; 58 detenções ilegais, além de sequestros, agressões sexuais, invasões de domicílio e outras formas de ataque à população.

Na região de Zacate Grande, o exército e a polícia invadiu casas e fechou a rádio comunitária La Voz de Zacate Grande procurando cinco dirigentes do Movimento de Recuperação e Titulação de Terras de Zacate Grande; nesse movimento as famílias se organizam para lutar por sua terra. Miguel Facussé, um dos latifundiários hondurenhos que articulou e apóia o golpe, diz que as terras da região pertencem a ele, apesar da população viver ali há mais de 100 anos. Na região de Bajo Aguán, o exército também interviu a favor de Miguel Facussé em conflito com camponeses da região.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

QUE OPOSIÇÃO?

Uma significativa parcela da sociedade brasileira não se sente representada por nenhum dos candidatos à sucessão presidencial. São pessoas que se posicionam contra o governo Lula , seja por convicção ideológica , seja por tudo que o atual governo praticou ou, principalmente, deixou de praticar nos quase oito anos de mandato. Esses cidadãos não encontram em José Serra, Marina Silva, e muito menos em Dilma Rousseff, propostas, projetos e compromissos que se identifiquem minimamente com o pensam e desejam para o País. Pelo menos, até o atual momento da campanha eleitoral.

Dos três principais candidatos, até agora, nada além de uma miscelânea de promessas vagas e propósitos indefinidos, que pouco convence de que teremos algo muito diferente do que o atual governo está a praticar. Se, por um lado, avaliações apressadas e superficiais , na maioria das vezes com propósitos eleitorais , atribuem excelente conceito ao governo Lula ,análises mais profundas e criteriosas ressaltam o que o Brasil perdeu ou deixou de fazer nos últimos anos. E não foi pouco.

Os cidadãos que não se sentem representados pelos partidos e candidatos que disputam o poder desejam, por exemplo, modificações estruturais que permitam a redução da carga e a racionalização da política tributária, investimentos maciços e prioritários em educação, saúde e segurança, combate sem trégua à corrupção e ao desperdício dos recursos públicos - especialmente nos altos escalões de Brasília -, reforma política, mudança na orientação da política externa - priorizando as relações com as nações democráticas - , e uma política social que elimine de vez o mero assistencialismo e ofereça reais oportunidades de educação e emprego a milhões de pessoas.

Querem também que o próximo governo conclua o que foi iniciado pelo governo anterior, qual seja, o prosseguimento da política de privatizações de estatais dispendiosas e que pouco beneficiam o cidadão comum. Em outras palavras, é preciso acabar com o tabu de que a Petrobrás , o Banco do Brasil e a Caixa Federal são instituições intocáveis.

O governo Lula, que teve o mérito de manter a estabilidade construída pelo governo anterior, propagou o mito do crescimento do PIB conseguido à custa da forte presença do Estado. Não é verdade: o atual estágio de crescimento foi muito mais fruto da conjunção do esforço da iniciativa privada com a situação mundial favorável às exportações brasileiras.

O mito do crescimento econômico como obra exclusiva do governo, que ganhou ares de verdade incontestável graças a atuação da máquina de propaganda governamental aliada ao inegável carisma pessoal do presidente, resultou no crescimento da popularidade do presidente . A popularidade de Lula atemorizou os seus adversários, que além de incapazes de fazer um discurso eleitoral autenticamente oposicionista, não conseguem convencer de que têm um projeto diferente do atual.